segunda-feira, 16 de março de 2009

O Poeta e a Bailarina

Agradeço a minha amada amiga Patrícia Cicarelli pela especial inspiração e pelo lindo texto.




“O Poeta e a Bailarina” (2009) – Óleo sobre Tela de Fernanda Rodante, agora pertencente ao acervo do Poeta Álvaro Alves de Faria. Na tela, a artista plástica inspirou-se na Pequena Bailarina de Edgar Degas, de 1881. Mais que inspiração, Fernanda colheu o momento de um poeta, representado pelos livros e pela pena, um poeta refletido na presença da Pequena Bailarina. Posso dizer que Fernanda intuiu através da obra do pintor e escultor francês os fios comuns entre as personalidades do artista e do poeta: timidez, isolamento, alguma obsessividade. São eles seres enigmáticos. Observa-se na obra de ambos a oclusão e a privação. Essas nuances foram materializadas na pintura de Fernanda Rodante, na escolha que fez dos elementos que compuseram a cena: uma bailarina, objeto do desejo do poeta que a tem no olhar, a poesia – nos livros e na pena -, e por detrás dela se posta, buscando a invisibilidade, para então admirá-la sem se mostrar. Sua presença oculta é delatada, porém, no colorido das pinceladas que marca a obra e o estilo da bela artista, Fernanda Rodante.

“...Não há perfeição maior da figura da mulher como a de uma bailarina. Quando o Poeta Álvaro Alves de Faria faz essa afirmação é ainda mais, é uma revelação. Coleciona bailarinas em forma de luminárias, estatuetas, esculturas, pinturas. São mais de trezentas. É preciso que seja uma bailarina, objeto de sua fixação, um ser idealizado, deslumbrante no gesto, etérea, eterna, inatingível, imaginária, a mulher que ele deseja mas não alcança, apenas acena. Passiva ela é perfeita e ele a reverencia no silêncio dos seus versos...”

Esse é um trecho do livro inédito que escrevo sobre a vida e obra do Poeta Álvaro Alves de Faria. (Patrícia Cicarelli)